terça-feira, 21 de maio de 2024

Rio Grande do Sul: entre a tragédia ambiental e a epidemia de fake news e desinformação


Diante da grave tragédia ambiental que assola o Rio Grande do Sul, provocada pelos efeitos extremos da natureza nas últimas semanas, uma enxurrada de notícias falsas, desinformação e deep fakes inundam as redes sociais e os aplicativos de mensagens, descredibilizando o trabalho sério dos órgãos do Governo Federal e do Governo Estadual que auxiliam diretamente nas ações de socorro às vítimas dos municípios gaúchos afetados pelos efeitos climáticos extremos.

A atual calamidade no Rio Grande do Sul mostra o poder do ecossistema em torno das notícias falsas (fake news) e da desinformação apoiada no sensacionalismo, medo e promessa de novas revelações inverídicas. A falta de regulação das redes sociais pela Justiça Brasileira permite ações antidemocráticas e diversas tipificações de crimes praticados por grupos extremistas de políticos, além de não responsabilizar as plataformas e influencers que visam o engajamento dos internautas nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens para lucrarem financeiramente a cada tragédia brasileira ou viabilizar projetos políticos nos pleitos eleitorais, infelizmente.

Espalhar notícias falsas e desinformação alimenta o engajamento de uma grande parcela da população brasileira, rachada politicamente a cada eleição, que visa disseminar o ódio, descredibilizar as instituições públicas, a imprensa, grupamentos políticos e, principalmente, desestabilizar a democracia brasileira e o processo eleitoral, como ocorreu no caso em relação à segurança das urnas eletrônicas na pré-campanha de 2022.

Infelizmente, nas últimas semanas, extremistas tentaram descredibilizar a Anvisa, no tocante à chegada de medicamentos no Rio Grande do Sul. Desinformaram sobre uma clínica de atendimento aos afetados pelas enchentes, afirmando que estava fechada pela Vigilância Sanitária. Mentiram sobre os caminhões, dizendo que estavam sendo barrados nas estradas gaúchas devido à falta de apresentação das notas fiscais. Além das fake news referentes aos 40 jet skis do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul que estariam guardados para evitar danos no motor e, consequentemente, não realizarem os resgates, e a Brigada Militar estaria dificultando que os proprietários de barcos e jet skis realizassem salvamentos e resgates em Canoas devido à falta de habilitação dos condutores.

Não é tarefa fácil para as assessorias de comunicação governamentais e a imprensa brasileira focar na geração de notícias verdadeiras para informar os leitores e leitoras. Agora, também gastam esforços vitais no combate à desinformação e às notícias falsas relacionadas à fatídica tragédia no Rio Grande do Sul. Lamentável!

Devido à última fake news relatada acima, atendendo a uma ação civil pública impetrada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), a juíza Fernanda Ajnhorn, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), determinou que a Meta Platforms, empresa que administra a rede social Facebook, faça a exclusão, em até 24 horas, de conteúdos contendo desinformação em relação à ação conjunta dos órgãos federais e estaduais nas ações de socorro às vítimas, de perfis com alto número de seguidores e capacidade de propagação das notícias falsas e da desinformação.

Segundo matéria editada por Cristina Indio do Brasil, da Agência Brasil, na mesma decisão, a magistrada determinou que o autor das notícias falsas “não poderá reiterar as afirmações, sob pena de aplicação de multa no valor de R$ 100 mil”.

Quanto mais propagadas as desinformações e as notícias falsas, mais o trabalho sério dos órgãos governamentais poderá ser afetado no socorro às vítimas, gerando dúvidas na população e desestimulando a preciosa ajuda da sociedade civil oriunda de diversos estados brasileiros.

Na terça-feira (14), o conceituado site jornalístico Correio Braziliense noticiou que a ministra Cármen Lúcia foi designada como relatora do inquérito sobre notícias falsas nas enchentes do Rio Grande do Sul, a pedido do governo federal.

A investigação, realizada em sigilo, focará em analisar pedidos de provas da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República (PGR), com alvos como o deputado Eduardo Bolsonaro, o senador Cleitinho Azevedo e influenciadores de direita.

A ministra Cármen Lúcia tem priorizado o combate à desinformação, sendo responsável por medidas como a resolução que proíbe a disseminação de deep fakes e permite punir plataformas que não removam conteúdos falsos rapidamente.

Para combater o ecossistema de notícias falsas e desinformação, o internauta tem que checar a origem das informações propagadas nas redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas antes de passá-las adiante e, acima de tudo, disseminar as notícias verdadeiras publicadas nos sites de notícias confiáveis, que respeitam o princípio democrático e exercem o jornalismo profissional balizado na verdade dos fatos.

É correto afirmar que as notícias falsas e as desinformações estão engajando cada vez mais um número maior de internautas através de textos, fotos, vídeos e áudios. O princípio é tirar o conteúdo do contexto original, muitas vezes auxiliados pelas complexas ferramentas de inteligência artificial, para atacar políticos, instituições públicas e a jovem democracia brasileira.

Como comunicador social, balizado no princípio deontológico, apresento para os leitores e leitoras sites confiáveis de checagem da informação, fundamentados em orientar os internautas se os conteúdos fazem parte do ecossistema de desinformação e notícias falsas.

1 - Fato ou Fake do G1

2 - Lupa do UOL

3 - Aos Fatos

4 - Boatos

5 - Estadão Verifica

Foto Destacada: Governo Federal / Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima 

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