quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O papel do marketing nos momentos críticos da sociedade contemporânea



Uma das funções mais importantes do marketing é estudar o comportamento dos grupos da sociedade e propor ações estratégicas de acordo com os objetivos apresentados no plano de marketing, pois através das necessidades do consumidor, são abertas lacunas expressivas para o desenvolvimento das melhorias ou inovações. Além disso, o marketing cumpre um dos papéis balizadores para instituições públicas ou privadas: entregar o que a sociedade necessita ou aspirará.

Para isso, o profissional de marketing não pode deixar de aplicar pesquisas de mercado, analisar pesquisas mercadológicas internas e externas (Sistema Integrado de Marketing) e o mix de veículos de comunicação. É de fundamental importância mensurar as necessidades da população a fim de que produtos e serviços tenham a obrigação de apresentar melhorias contínuas para atender ou superar as expectativas dos grupos que compõem sociedade.

Na área de políticas públicas, o marketing tem um papel balizador na apresentação das problemáticas e propostas de ações estratégicas na tentativa de suprir as necessidades da população por meio das instituições públicas, privadas e órgãos não-governamentais.

Em Sergipe, alguns problemas fazem parte do comportamento social da população. Eles aparecem de acordo com a evolução da sociedade ou passam de geração para geração, isto é, estão enraizadas na cultura familiar.

A partir daí, as ações estratégicas de reeducação adquirem um papel fundamental no quesito mudança de comportamentos inadequados das famílias que arranjam uma sociedade, como por exemplo, na esfera da educação ambiental, educação de trânsito, ou criminal, como a violência contra a mulher. Vale frisar ainda que reeducar é um processo de longo prazo, de ações estratégicas contínuas e necessita de investimento financeiro elevado para obter resultados futuros e de pouco valor agregado na visibilidade da imagem dos políticos que necessitam manter-se no poder por meio do voto democrático. É como implantar rede de esgoto em uma cidade. A população não enxerga a tubulação enterrada, e por isso, não rende voto eleitoral.

OS DADOS DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHER NÃO PARAM DE CRESCER EM ARACAJU

Em Aracaju, na delegacia Especializada da Mulher, nos primeiros 12 dias do ano de 2012, foram registrados mais de 120 casos de violência contra a mulher. Os esforços da imprensa sergipana e as ações dos órgãos governamentais têm um papel fundamental no aumento das denúncias. As mulheres estão perdendo o medo e a Lei Maria da Penha passou a ter um papel essencial contra a cultura da agressividade machista, punindo os agressores imediatamente. Na matéria televisa, da emissora Atalaia, uma autoridade policial afirmou veemente que o uso da bebida alcoólica e de entorpecentes pelo agressor vem contribuindo para o comportamento agressivo perante as mulheres.

Também é correto afirmar que a cultura machista e a educação familiar têm um papel determinante no comportamento de vida do agressor. As patologias psicológicas surgem nesse contraste: cultura machista (raízes na colonização, coronelismo) x degradação do relacionamento familiar x álcool e drogas (agente condutor ao ato violento) = HOMEM TRANSGRESSOR.

Cabe também salientar que a imprensa costuma exibir exaustivamente imagens de violência. Em um texto passado, referente à eleição municipal, apresentei comentários a respeito do livro O Império do Grotesco, dos autores Muniz Sodré e Raquel Paiva-. Para aumentar a audiência dos veículos de comunicação - televisivo e impresso - os editores utilizam exacerbadamente imagens que fomentam o comportamento instintivo do agressor e da sociedade, como vídeos que mostram a violência contra a mulher.

O Observatório da Imprensa levantou tal questionamento, por meio da matéria digital na edição 567. Também ficou apontado, que muitos jornalistas violam o Código de Ética, utilizam palavras que incitam a violência, apresentam ciclo de matérias posteriores a um fato que repercutiu entre a opinião pública por mais de uma semana, deixam de levantar questionamentos em relação à mudança de comportamento do agressor e vítima, fatores sócio-psicológicos e de tratar as questões básicas dos diversos tipos de violência.

AÇÕES DE PARCERIAS ENTRE OS SETORES QUE COMPÕEM A SOCIEDADE ARACAJUANA

No final do mês de novembro/2011 foi realizada a campanha “DA PAZ NO LAR À PAZ DO MUNDO”. Ela fez parte de uma ação internacional dos 16 dias de ativismo pela não violência contra a mulher. A matéria apresentada no siteSergipeHoje.com.br explicou o posicionamento de paz familiar de acordo com a secretária adjunta Ivânia Pereira, da Secretaria Estadual de Políticas para Mulheres: “Nosso entendimento é de que se você cuida da família,a tendência é que os filhos sejam pessoas de paz e não reproduzam atos de violência”,considera a secretária adjunta.

Como podemos ver, a parceria entre entidades públicas, empresas privadas, imprensa e órgãos não governamentais mantêm um papel fundamental para que as mulheres denunciem seus agressores e contribuam com a educação da família contra a violência doméstica; seja ela física, moral, psicológica ou financeira. Foi constatado também que o marketing está inserido no decorrer de todo o processo, viabilizando as ações estratégicas voltadas para a sociedade, especificamente para o público feminino.

Outro ponto que instituições públicas nacionais apontam é que os dados não são exatos, e por isso, não tem como mensurar os perfis demográficos, étnicos, sociais e culturais dos agressores. Muitos casos ainda não entram nas estatísticas e quando fazem parte os dados são incompletos. A maioria das mulheres insiste em ficar no anonimato, acata a violência doméstica seguidamente dentro lar e não denuncia o agressor.

Como comunicador, posso afirmar que falta repetição da mensagem “violência contra a mulher” no mix de comunicação, e com isso chegar a todas as camadas sociais, apoiada na linguagem racional, moral e emocional. Eu também concordo com o grotesco uso de imagem que mostra em parte, mas não o ato da violência contra mulher. Ela viabiliza a sensibilização dos públicos-alvo da campanha publicitária de forma imediata, contribuindo para a construção do discurso não-verbal. Vale ressaltar que a grande parte da sociedade consome imagens e não textos. Outro ponto de destaque para o uso da imagem é o processo da viabilização do planejamento publicitário que é regido por fases de campanha.

Cada fase tem um papel ímpar na construção do discurso e na racionalização do consumo da mensagem – verbal e não-verbal - na sociedade. A ferramenta publicitária tem o papel essencial de estudar as peculiaridades do target “público-alvo” da campanha. O estudo do comportamento torna-se vital para segmentar o target, desenvolver o posicionamento nos grupos que compõem a sociedade e retratar as características, assim como as atividades físicas e mentais que contribuem com a problemática, as características demográficas, psicográficas e comportamentais.

Na próxima postagem apresentarei um estudo de caso, realizado no curso de comunicação social, com ênfase em publicidade e propaganda da Universidade Tiradentes. A professora Valéria Bonini, que lecionava a matéria Criação Publicitária, no 7º período do curso, aproveitou a oportunidade aberta para que os alunos da Instituição participassem do Prêmio Central de Outdoor do ano de 2006, na categoria estudante.

O tema para a criação da placa de outdoor era: VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER. ISTO TEM QUE ACABAR. Com a excelente orientação da professora Valéria Bonini, a dedicação nos esforços de pesquisas bibliográficas e de mercado, a participação da diretora do Grupo de Teatro Companhia Risos e Lágrimas (cedendo e produzindo a atriz para a foto publicitária) e do estúdio fotográfica J.A. Fotográfica (José Alberto), responsável pela direção fotográfica, a placa de outdoor foi vencedora na seccional Sergipe, recebendo o Prêmio Ouro.

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