UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CURSO DE PÓS-GRADUADAÇÃO EM MARKETING
DISCIPLINA: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
PROFª: VERA LÚCIA NOVAES PROVINCIALI
ALUNO: CARLOS FABRÍCIO RIBEIRO DA CRUZ
PROJETO DE PESQUISA: ANÁLISE DO
MERCADO SURFWEAR NA CIDADE DE ARACAJU.
ARACAJU/SE
NOVEMBRO - 2008
NOVEMBRO - 200
1. INTRODUÇÃO
Na contemporaneidade presenciamos exaustivamente as ações de marketing
nos mais variados segmentos mercadológicos no Brasil. A preocupação das
empresas que compõem o atual cenário competitivo é a busca incessante no
desenvolvimento e na inovação tecnológica de produtos e serviços para os mais
variados grupos de unidades compradoras. Entretanto, a fragmentação dos
veículos de comunicação proporciona à unidade compradora um maior fluxo de
informação nos mais variados canais, contribuindo para o esclarecimento e a
manipulação dos produtos e serviços, construção do valor da marca e implantação
ou alteração de hábitos de comportamento e compra dos consumidores.
O desenvolvimento das ações de marketing depende do estudo dirigido do
comportamento do consumidor. A investigação é essencial para compreender todos
os processos da unidade compradora envolvida na aquisição dos produtos,
serviços, experiências e idéias para posteriormente fundamentar o ambiente da
troca. Vale ressaltar que a troca é um dos processos mais importantes no estudo
do comportamento do consumidor, uma vez que a unidade compradora adquiri
tal produto ou serviço por determinada praticidade, e o produto ou serviço
ofertado no mercado terá que satisfazer e até mesmo, superar a praticidade
esperada pela unidade de compra.
É bom frisar que a unidade compradora é soberana por ser o centro da
atenção e ter o poder de decisão para efetuar a compra. Mas para chegar à
decisão existem influências e comportamentos que estão ligados intrinsecamente
aos fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos. Por muitas vezes
a unidade compradora busca valores simbólicos que poderão ser apresentados
entre a sociedade prevalecendo uma forma de transparecer ou identificar a si
mesmo.
A teoria psicanalítica desenvolvida por Sigmund Freud expressa de forma
clara e objetiva as implicações de seu uso pelas ferramentas do marketing,
inclusive a publicidade e propaganda, alimentando o sonho da unidade compradora
através das representações simbólicas para ativar a motivação do inconsciente e
operar nos impulsos instintivos. Ou seja, não é simplesmente o ato do consumo
pelos atributos dos produtos e serviços que satisfará a unidade compradora, mas
todos os códigos e significados simbólicos que proporcionarão aos consumidores
se identificarem com determinados grupos ou sublimar as aspirações sociais
ligadas aos esportes, como por exemplo, o golfe, o tênis, o futebol, o surf,
etc.
É nesse cenário de simbolismo e identificação que as mais variadas
empresas nacionais desenvolvem campanhas publicitárias transferindo valores,
tendências, comportamentos e aspirações para o target previamente definido por
profissionais comunicólogos. Torna-se fácil constatar o estudo de caso proposto
por Freud sendo bastante utilizado no universo da comunicação: as construtoras
usam o artifício do simbolismo para vender os seus empreendimentos super
requintados, por isso, a utilização de imagens ligadas ao tênis, ao golf, a
caneta Mont Blanc, ao colar de diamante, as mais requintadas bebidas, aos
ambientes empresariais, etc., são bastante exibidas nos comerciais para que o
target proposto pela campanha possa se identificar e vivenciar as aspirações de
pessoas de sucessos, pessoas que venceram na vida e optam pelo o que há de mais
luxuoso.
Como podemos constatar o universo do simbolismo transmitido pelos
comerciais de televisão vai de encontro com as aspirações mais próximas
possíveis da personalidade de um único indivíduo. Entretanto, diversas pessoas
agrupadas com o mesmo traço de personalidade compõem grupos distintos de
consumidores. Os traços de personalidades transmitidos nas peças publicitárias
representam o universo de transformação dos consumidores ao longo da evolução
da vida e por isso, a utilização dos símbolos pelas principais marcas que
compõem o mercado corresponde de acordo com a perspectiva de influenciar o
comportamento do consumidor em relação ao seu momento vivido.
As marcas transparecem nos anúncios publicitários o sonho de consumo ou o
desejo de ser e de fazer parte da vida da unidade compradora. Para representar
as aspirações do simbolismo o uso de imagens que compõem ambientes e
comportamentos ligados inseparavelmente do universo representado pela
propaganda instigam a vontade da unidade compradora de se transformar, de ser
ou de fazer parte dos símbolos remetidos pelo o anúncio publicitário.
Esse universo de representação simbólica será mais uma vez impregnado nas
peças publicitárias que estamparão a temática “verão2009” e apresentarão
diversas marcas. Para os brasileiros o verão faz parte do seu cotidiano,
principalmente para os nordestinos onde o sol brilha quase todos os 365 dias do
ano. A pele bronzeada, o uso da sunga, do maiô, do biquíni, da roupa leve
transparece o clima de sedução, alegria e euforia dos consumidores das mais
variadas idades. Outro fator preponderante são os momentos sazonais como a
festa natalina, reveillon e carnaval que levam milhares de pessoas a se
deslocarem às mais de 1.500 praias catalogadas nos 7.637 quilômetros
de costa brasileira.
Nesse clima de alta temperatura e estadia nas praias os consumidores
movimentam os corpos com a prática de esportes na areia, como por exemplo, o
vôlei de praia, peteca, frescobol, futevôlei, beach soccer, handbeach, basquete
de areia, etc.. Também tem os esportes náuticos: vela, windsurf, bodyboarding,
jet sky, pesca submarina, caiaques, canoas, banana-boat, iatismo, entre outros.
Mas o esporte que representa simbolicamente o verão brasileiro nas mais
variadas peças publicitárias é sem dúvida a prática do surf para compor o
ambiente perfeito do verão: as praias brasileiras.
São muitas empresas que exploram em suas peças publicitárias a imagem
surf. A variedade de produtos e serviços é infinita, mas vale destacar os
principais segmentos de anunciantes: bancos, cervejarias, lojas de
departamentos, shopping centers, secretarias dos governos federais, estaduais e
municipais, rede de postos de combustíveis, telefonias móvel e fixa,
supermercados, hipermercados, concessionárias de veículos, rede de farmácias,
etc.. Como podemos constatar, o uso exacerbado da imagem surf estampa diversos
anúncios que transmitem os códigos de comportamento, da cultura surf, do estilo
de vida dos praticantes do esporte, da vida saudável e da vida liberta. Por
outra vertente leva milhares de pessoas a transparecerem a própria auto-imagem,
isto é, de como elas gostariam de se vê ou serem vistas, de quererem fazer
parte da esfera surf ou até mesmo ser realmente da esfera surf.
1.1 UM POUCO DA HISTÓRIA DO SURF
Poucos livros tratam da historicidade da prática do surf, mas diversos
relatos apontam o esporte como lendário, surgido no ano 900 DC, nas Ilhas
Polinésias. O site www.vwbr.com.br/PlanetaVW/SuperSurf/MundoSurf/Historia.aspx
conta que o rei do Taiti navegou até o Havaí remando e surfando com uma
prancha. No percurso teve a oportunidade de conhecer diversas ilhas, mas
somente na ilha de Kauai, na praia de Mokaiwa, no Havaí que ele encontrou ondas
sólidas para a prática do esporte. No ano de 1778, o capitão James Cook, chegou
ao Havaí e se deparou com nativos se equilibrando nas ondas sobre enormes
troncos de madeira. Naquele momento o surf era tratado com uma cerimônia
religiosa entre os nativos e em seguida foi discriminado pelos colonizadores
europeus ao explorarem as terras havaianas no ano de 1821.
Nos jogos Olímpicos de Estocolmo, no ano de 1912, o havaiano Duke
Kahanamoku surpreendeu a todos ao ganhar a medalha de ouro na natação. Os
comentários após a vitória se voltaram para sua forma física, os métodos de
treinamento de Duke. Em entrevista ele declarou que praticava o Heenalu Surf,
naquele momento esporte desconhecido por todos. Duke, conhecido como o
homem-peixe é considerado o responsável pela popularização do esporte em todos
os continentes, pois posteriormente as olimpíadas ele foi para a Califórnia e
ao praticar o surf transformou os EUA como o berço do desenvolvimento do
esporte.
No Brasil o esporte começou a se desenvolver com a chegada das pranchas
havaianas através dos turistas. Como Duke desenvolveu o surf na Califórnia, o
Osmar Gonçalves desenvolveu por aqui. Ele ganhou uma publicação americana do
seu pai, um grande exportador de café no país, o projeto editorial ensinava
passo-a-passo a fazer uma prancha de surf. Osmar juntamente com seus amigos fez
a primeira prancha. Ela media mais de três metros e pesava cerca de 80 kg.
Na década de 30 começaram a aparecer os primeiros surfistas na cidade de
Santos, no estado de São Paulo. Na cidade do Rio de Janeiro chegaram na década
de 40, por meio da segunda guerra mundial, através dos soldados
norte-americanos que praticavam o esporte para se divertir e manter a forma. Na
década seguinte as praias do Rio de Janeiro ficaram lotadas de praticantes.
Na década de 60 o esporte começou a se desenvolver com a chegada das
primeiras pranchas de fibra de vidro, na metade da década surgiu a primeira
entidade representativa do esporte no Brasil, a Federação Carioca de Surf,
responsável pela primeira organização e realização do campeonato nacional. Na
década de 70 as praias do Arpoador localizadas na capital carioca, e a praia de
Itaúna, na cidade de Saquarema, tornaram-se referência na prática do esporte.
Nos anos 80 o esporte foi se profissionalizando, surgiram novas lojas de
pranchas e acessórios, publicações impressas, indústrias de confecções
surfwear, campeonatos mundiais e novos competidores profissionais.
1.2 NÚMEROS DO MERCADO BRASILEIRO DE SURF
Atualmente o mercado nacional de surf movimenta uma grande soma de
dinheiro. Nos últimos cinco anos o mercado cresceu 100%, no ano de 2007 o
mercado brasileiro movimentou cerca de cinco bilhões de reais. Na cidade de São
Paulo são mais de um milhão de simpatizantes e apaixonados por surf. Os números
são absurdos, só para ter noção, são mais de três mil pontos-de-venda em todo o
Brasil, 400 mil empregos diretos e cerca de mais de um milhão de empregos
indiretos.
1.3 CULTURA DE PRAIA
Se analisarmos friamente os dados apresentados acima, poderemos constatar
que não é só o praticante de surf que consome as marcas de roupas e acessórios
do mercado surfwear. Existe uma legião de usuários que se aproximam do esporte,
seja direto ou indiretamente. A mídia nacional tem um papel determinante para a
absorção da cultura do esporte, pois o que é exibido nas principais mídias não
são só as informações dos campeonatos locais e mundiais, mas também conteúdo
televisivo por meio de novelas, filmes, seriados e anúncios publicitários.
Mas quais são os fatores preponderantes que influenciam o comportamento
de compra dos produtos surfwear? Como podemos constatar a prática de surf faz
parte da esfera cultural de vários países mundiais. Não é só cultura, também é
religião, é um modelo de comportamento sócio-cultural que rompe países e
estilos de vida, de línguas, sinais e dialetos refletindo uma forma alternativa
de viver alegremente e de ser saudável.
No Brasil a cultura de praia é vivenciada por milhões de brasileiros, principalmente
nos períodos de alta estação. Podemos afirmar que a subcultura de cada região
brasileira, isto é, as regiões litorâneas, mantêm a cultura de beira de praia e
leva milhões de adeptos à prática de surf movimentando a economia local e
consequentemente desenvolvendo a cultura mundial do surf. Temos que afirmar que
a cultura de beira de praia não arrasta somente os praticantes do esporte, mas
milhões de pessoas que sofrem influências dos fatores sociais, como por
exemplo, dos grupos de referências, “a tribo do surf”.
Não existe uma classe social determinante para exercer o processo de
compra. Muito pelo contrário, diversas praias próximas as regiões mais carentes
desenvolvem projetos sócio-educativos entre os mais jovens, com o objetivo de
viabilizar o ingresso dos alunos aos campeonatos locais, ou até mesmo, afastar
tais jovens da ociosidade, das drogas e da marginalidade. Os projetos
viabilizam os fatores pessoais, como o estilo de vida, entre esses jovens,
tornando-os futuros consumidores do mercado surfwear e abrem percepção dos
fatores psicológicos das classes mais elevadas. Isto é, com tantas matérias
jornalísticas impressas e televisivas, documentários, novelas, filmes, eventos,
movimentações artísticas e materiais editoriais podem levar os mais abastados a
desenvolver motivação, crenças e atitudes para adquirir os produtos surfwear.
Mas o que representa simbolicamente os produtos e acessórios para os
consumidores, praticantes do esporte ou não?
2. PROBLEMA DE
PESQUISA
O mercado surfwear nacional está em um nível profissional acima de muitos
esportes difundidos e apreciados por milhões de brasileiros. Não podemos deixar
também de afirmar que o surf nunca foi visto com bons olhos por vários
segmentos da sociedade, pois ele sofreu um forte processo discriminatório nos
anos 70, 80 e 90.
Para muitos segmentos abastados da sociedade, o surf era visto como um
esporte de pessoas vãs, usuários de drogas e sem a mínima representatividade
sócio-cultural e profissional no Brasil. Será que em outros esportes de alto
nível não existe o caso de doping ou do consumo de drogas ilícitas? Entretanto,
o cenário representativo da cultura de beira de praia nos leva a ver a grande
mudança de visibilidade no século XXI: o surf é um esporte de alto nível,
praticado por crianças, jovens, adultos, idosos, deficientes físicos, homens ou
mulheres. A indústria surfwear movimenta um grande volume de dinheiro, existe
um grande conglomerado de mídia segmentada, fomenta o turismo mundial em
diversas regiões no país, gera emprego e renda para milhões de brasileiros,
mantém uma elite de competidores profissionais que representam o país em
competições mundiais, etc.
O principal problema de pesquisa consiste no fato de como as pessoas que
formatam a sociedade aracajuana, surfistas ou não, são motivadas a adquirir as
roupas e acessórios ligados ao universo surfwear.
É correto afirmar que através da forte percepção provocada pelo uso
exacerbado das imagens representativas, ou melhor, simbólicas que aparecem nos
anúncios publicitários ou nas produções televisivas e cinematográficas, a
exemplo da novela Três Irmãs, exibida pela Rede Globo pode interferir na
preferência de compra da unidade compradora em optar por marcas ligadas
diretamente ao esporte no mercado aracajuano. Mas será que existem outros
fatores que influenciam em optar pela aquisição das roupas e acessórios
surfwear?
2.1 OBJETIVO
GERAL
O objetivo geral é verificar quais percepções levam os aracajuanos a
adquirirem roupas e acessórios do mercado surfwear no mercado local.
2.2 OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Identificar quais são os diferencias perceptíveis dos aracajuanos ao
adquirirem as roupas e acessórios ligados ao universo surfwear.
Verificar o perfil do consumidor que adquire roupas e acessórios
surfwear.
Detectar as principais mídias que abrem a percepção para a
comercialização das roupas surfwear.
Verificar a aceitação dos produtos e percepção das marcas surfwear pela
unidade compradora.
2.3 QUESTÕES DE
PESQUISA
Será que os consumidores aracajuanos já adquiriram roupas e acessórios
surfwear?
O que motiva os aracajuanos a adquirirem as roupas e acessórios ligados
ao esporte?
Quais os diferenciais que os consumidores têm das roupas e acessórios
surfwear?
Quais as marcas surfwear mais conhecidas entre os consumidores de aracajuanos?
Qual a visão que os aracajuanos têm referente ao esporte?
Quais as mídias mais incisivas na percepção do esporte que podem levar
para o ato de compra ou comportamento?
2.4. HIPÓTESES
Se eles consumiram ou consumiriam produtos ligados ao esporte ou não,
quais os motivos mais pertinentes.
Existem realmente diferentes segmentos de público que podem ser atendidos
pelas lojas surfwear na cidade Aracaju.
Os consumidores aracajuanos compram roupas e acessórios de lojas ligadas
diretamente ao esporte, ou adquirem das grandes lojas de departamento.
Quais são os produtos da indústria cultural que mantêm maior incidência
no comportamento do consumidor.
Os consumidores enxergam a prática do surf como um esporte de alto nível
que traz benefícios ligados ao comportamento e a saúde do praticante ou mantém
a visão difusa que não agrega valor ao esporte.
2.5
JUSTIFICATIVA
A partir da década de 90
a cidade de Aracaju vem passando por um forte aumento no
fluxo migratório de novas pessoas ou famílias vindas de outros estados do
Brasil e das cidades circunvizinhas. O aumento desse fluxo favorece a inserção
de novos hábitos de comportamento e consumo entre os que nasceram e foram
criados na cidade. Como conseqüência, o desenvolvimento
sócio-econômico-cultural vem se tornado referência na região nordeste abrindo
cada vez mais a percepção das principais qualidades da cidade aracajuana:
desenvolvimento econômico, moradia, segurança, calmaria, belezas naturais,
população receptiva, etc.. O desenvolvimento favorece o aumento do fluxo
turístico ou na migração de novos habitantes na terra dos papagaios e
cajueiros.
O processo de transição de novos hábitos de comportamento demonstra que
as pessoas buscam no momento de lazer, diversão, contato com a natureza, nesse
caso, as praias aracajuanas. Fica perceptível para os segmentos empresariais a
transição de comportamento e por isso, passam a promoverem produtos e serviços
nas principais mídias publicitárias representando o universo da cultura de
beira de praia.
Também existe o aumento perceptível das lojas de departamentos e das
lojas especializadas surfwear que contribuem para a popularização da prática do
esporte e conseqüentemente da cultura surf. Não existe um número concreto dos
praticantes, mas torna-se visível o crescimento da tribo do surf nas praias
aracajuanas. A difusão da imagem através dos meios de comunicação por meio das
matérias jornalísticas esportivas favorece o crescimento e desenvolvimento do
esporte.
Os números do mercado surfwear apresentados na introdução refletem
claramente a importância do segmento na economia brasileira e local, onde
movimenta bilhões de reais por ano. Mas serão somente os surfistas que consomem
as roupas e acessórios ligados ao esporte? E qual a percepção da cultura surf
pelos consumidores ao adquirirem os produtos surfwear?
Outro fator preponderante para buscarmos entendimento sobre o estudo de
mercado é se o consumidor, no momento da troca, tem a noção do produto
adquirido: ele está relacionado diretamente às principais marcas que investem
no desenvolvimento surf, na realização dos campeonatos e na inovação
tecnológica dos produtos que compõem a prática do esporte. Isto é, existem
muitas lojas de departamentos utilizando design têxtil objetivando vincular ao
produto os simbolismos da cultura surf, mas não fazem investimentos concretos
em campeonatos, na profissionalização dos atletas competidores, na inovação
tecnológica dos produtos, em campanhas ambientais objetivando a educação da
população a respeito da degradação das praias, no apoio e incentivo de projetos
sociais vinculados diretamente à prática do esporte, etc.
E por último, haja vista uma vasta diversificação nos tipos de mídias,
nos produtos desenvolvidos pela indústria cultural em geral que exibem a forte
percepção das simbologias da tribo do surf, mas que é esse consumidor, como ele
se comporta no planejamento de compra e de que forma ele visualiza a compra do
produto, ou não.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA PARCIAL SOBRE O TEMA DE
PESQUISA
Existem alguns estudos no campo
acadêmico brasileiro, diversas áreas de estudo tecem informações científicas
referente a prática do esporte, o desenvolvimento do mercado, a visibilidade
que o esporte mantém, o comportamento de compra do praticante do esporte,
estudo segmentado de mídia, etc. Mas a área que mantém maior abrangência é o
crescimento do mercado, pelo fato de crescer mais de 100% em apenas quatro anos
e originar diversas empresas que mantém marcas próprias, ou franquias das
maiores empresas a nível nacional, ou lojas de revenda de roupas e acessórios.
No estado de Sergipe, nas cidades
litorâneas onde mantêm a prática do esporte existe lojas que revendem as
principais marcas do país. Outro fato interessante é a presença das roupas e
acessórios nas cidades com maior concentração de pessoas, como Itabaiana,
Lagarto, Nossa Senhora do Socorro, etc. Na cidade de Aracaju existe uma maior
concentração de lojas e praticantes do esporte, mas não existem pesquisas que
forneçam números de mercados concretos para avaliarmos e estudar mais profundamente
o mercado. Esse paralelo aberto pela falta de estudo, proporciona o
desenvolvimento de estudos dirigidos no comportamento do consumidor e pesquisas
de mercados.
Ao questionarmos a falta de dados
concretos no mercado partimos para o campo da análise perceptiva. Identificamos
a estrutura das empresas que fazem parte do comércio aracajuano. Elas revendem
roupas e acessórios das principais marcas do país, pois não existe uma fábrica
de roupa surfwear no estado de Sergipe. Existem algumas marcas locais que
compram as roupas e acessórios sem marcas nos principais centros do Brasil e em
seguida fixam as etiquetas que estampam suas marcas. Os números de marcas
locais não passam de três empresas representativas ao esporte. Existem também
as grandes lojas de departamentos localizadas no centro da cidade e nos dois
shoppings de Aracaju.
Como podemos constatar o mercado e
a área acadêmica são carentes de estudos dirigidos ao comportamento do
consumidor e as pesquisas mercadológicas no segmento surfwear. Essa lacuna
proporciona o estudo empírico para apoiarmos concretamente a análise do
comportamento do consumidor. Existem algumas publicações editorias brasileiras
segmentadas ao esporte, mas avaliaremos o estudo de caso por autores de
diversas áreas como o comportamento do consumidor, marketing, publicidade e
propaganda, psicologia, etc.
A autora Klein (2002) cita que o
mercado mundial percebeu que as marcas não são puras e simplesmente produtos ou
serviços. Ela vai além da sua funcionalidade, apresenta-se de frente para os
consumidores como um diferencial de vida, de prazer, de conjuntos de valores e
comportamento. Ela cita que no ano de 1992 o número demográfico de adolescentes
na América aumentou consideravelmente e devido a isto, muitas empresas estavam
obtendo baixos índices de crescimento. Para a autora o erro das equipes de
marketing era a segmentação difusa da faixa etária, pois elas pensavam que os
consumidores estavam cegos por suas marcas, mas o caso não era a cegueira, era
a incompatibilidade de produtos e serviços para uma faixa etária que não fazia
parte do estudo demográfico do ano de 1992. A autora vai além, ela cita que muitas
empresas que focaram a demografia dos jovens estavam em forte expansão de
mercado, como por exemplo, a MTV, Microsoft, Nike, Netscape, etc.
Outro fator de grande relevância
para o estudo do comportamento do consumidor é quando Klein (2002) apresenta as
empresas norte-americanas que souberam inovar tecnologicamente os seus produtos
e serviços, e posteriormente, conseguiram adequar de forma correta os produtos
e serviços para o crescente número de jovens segmentados. Os produtos e
serviços não eram vendidos somente para os adolescentes, mas para os adultos
também, ou melhor, como a própria autora cita, os imitadores crescidos. Esse
segmento crescido era composto pelos pais ou pelas pessoas adultas que compõem
as famílias dos adolescentes.
Aqui cabe a nós fazermos um contra
ponto: se o berço do desenvolvimento do surf foi a Califórnia, nos estados
unidos, e na década de 90 o esporte passou a ganhar maior notoriedade no
mercado mundial, inclusive no Brasil, e especificamente na cidade de Aracaju, e
em contra partida o número de adolescente naquela década tinha aumentando,
então existiu uma forte possibilidade de os adolescentes praticarem o esporte,
e esses adolescentes da década de 90 são adultos nos dias atuais. Aqui cabe
pensarmos da seguinte forma: já que os fatores que influenciam o comportamento
de compra como os culturais, sociais, psicológicos e fatores pessoais. Cabe
analisarmos especificamente os fatores pessoais, que envolvem o clico de vida
“estágios da idade”, o estilo de vida e condições econômicas. A composição
família (pais) nos dias atuais era adolescente na década de 90, então podemos
afirmar que o fator social nos dias atuais, como família, pode influenciar uma
alternância de comportamento entre pais e filhos, como ocorreu no estudo de
marketing realizado pelas empresas que mais cresceram na década de 90 no
mercado americano. A partir desse pressuposto, poderemos afirmar que o mercado
surfwear aracajuano pode ser composto por imitadores crescidos com citou a
autora.
Outro objeto de estudo empírico
bastante interessante é o fator da congruência proposta pela teoria
psicanalítica de Sigmund Freud, que existe quando o consumidor opta por
determinados produtos e marcas que transparecem o que eles são ou que gostariam
de ser. Se existe uma incompatibilidade entre os números de surfistas que
consomem os produtos surfwear em relação ao crescimento de visibilidade e
lucrabilidade das marcas ligadas diretamente ao esporte, a teoria da
congruência abre perspectiva para analisar os consumidores aracajuanos. Ao
adquirir as roupas e acessórios os consumidores se vêem como praticante ou
simpatizante da tribo do surf. A publicidade contribui para a formatação
dos significados simbólicos relacionados ao esporte, remetendo códigos visuais
nas suas peças publicitárias. Dessa forma a opção dos consumidores optarem pelo
uso das marcas que compõem o universo surfwear estampados nas roupas ou
acessórios poderá provocar ostentação junto à sociedade.
O fator envolvimento entre as
roupas e acessórios surfwear e consumidor dá origem ao processo de percepção
que está relacionado com a memória. Ela ajuda a organizar o processo de
exposição das informações dos comerciais publicitários que criam estímulos nos
consumidores, onde levará para o processo do estágio da exposição das
simbologias ligadas diretamente ao esporte. É a partir dos órgãos sensoriais
dos consumidores que são ativados todos os mecanismos de informação do universo
surf. A atenção é a capacidade cognitiva para um estímulo, fortalece a maneira
que a mensagem publicitária pode ser processada pelo consumidor, seja pela
atenção preliminar, voluntária e involuntária.
O estágio de compreensão permite
aos consumidores perceberem as formas, as figuras e as linhas em seu mundo
visual. A Gestalt (padrão ou configuração) é muito usada, assim como, a
semiótica: que é área de estudo que analisa o símbolo e seus significados. E as
marcas e códigos visuais trabalhados pelos anúncios publicitários, novelas,
projetos editorias, etc., utiliza-se para remeter todos os significados
simbólicos do universo surf.
4. PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS
4.1 TIPO DE
PESQUISA
O tipo de pesquisa será a de mercado.
4.2 UNIVERSO DE
PESQUISA
A pesquisa será realizada nos principais shoppings de Aracaju, nas
universidades, no centro da cidade (calçadões João Pessoa e Laranjeiras) e na
orla da praia da Atalaia. Todos os ambientes citados são freqüentados por uma
vasta diversidade sócio-econômica de público e perfis psicográficos variados,
que consomem produtos midiáticos e são classificados como sendo prováveis
consumidores das roupas e acessórios surfwear.
4.3 SUJEITO DE
PESQUISA
Compreende prováveis compradores ou adeptos que praticam ou convivem com
o ambiente surfwear. Homens e mulheres acima de 10 anos que têm poder de
influenciar ou decidir a compra das roupas e acessórios do mercado surf.
4.4 AMOSTRA
Será utilizado um modelo de amostra probabilística simples onde o objeto
de estudo torna-se o próprio mercado surfwear, assim como os aspectos
definidores de sua composição, entre eles o perfil dos consumidores, os hábitos
de compra e a percepção das marcas surfwear no mercado aracajuano.
4.5 INSTRUMENTO
DE COLETA DE DADOS
O instrumento de coleta de dados incorpora o modelo de questionário com
perguntas abertas e fechadas de análise qualitativa e quantitativa, aplicado em
pontos previamente estabelecidos no universo de pesquisa e datas a confirmar.
Modelo: Este questionário é parte de um estudo de pesquisa
mercadológica que visa conhecer um pouco mais da sua preferência como
consumidor do mercado surfwear. Será mantida a identidade anônima do
entrevistado de acordo com sua preferência.
1)Qual a sua idade?
( ) 10 a
17 anos.
( ) 18 a
25 anos.
( ) 26 a
33 anos.
( ) 34 a
41 anos.
( )mais de 41 anos.
2)Prencher de acordo com o sexo do entrevistado:
( )Masculino ( )Feminino
3)Atualmente qual é o seu estado civil?
( )Solteiro(a)
( )Casado(a)
( )Divorciado(a)
( )Outros
4) Você pratica o esporte surf?
(
)Sim
( )Não
5) Você já comprou roupas ou acessórios ligados diretamente a prática
esportiva surf? Se a sua resposta for sim, informe a média de tempo que você
leva para efetuar as suas compras de produtos surfwear e o nome da loja que
efetuou a compra.
(
)Sim
( )Não
R:
6) O que te motiva a adquirir produtos ligados ao esporte surf?
R:
7)Cite o(s) diferencial(is) das roupas e acessórios surfwear quando comparadas
com outros modelos de roupa.
R:
8)Você conhece algum surfista da cidade de Aracaju? Se a resposta for
sim indique o grau de relacionamento.
(
)Sim
( )Não
R:
9)Cite um ou mais marcas de roupas e acessórios ligados diretamente à
prática do esporte.
R:
10)Qual(is) a visão(ões) que você tem referente aos praticantes do
esporte surf?
R:
11)Em que mídias publicitárias você já viu a imagem surf ser divulgada?
(
)Jornais televisivos
(
)Jornais impressos
(
)Fachadas de empresas “vitrines”
(
)Web Pages-Internet
( )Outdoor
( )Novelas
( )Filmes
( )Minisséries
( )Panfletos e Folhetos
( )Novelas
( )Mostra Cultural
( )Campeonatos Locais
( )Roupas e acessórios de quem pratica o esporte
( )Comercial de televisão
( )Luminosos e painéis
5.
BIBLIOGRAFIA
KLEIN, Naomi. Sem Logo. A tirania
das marcas em um planeta vendido. São Paulo: Editora Record, 2002.
KLOTER, Philip. Marketing para o
século XXI. São Paulo: Editora Futura, 1999.
http://mkt360.blogspot.com/2008/07/mercado-do-surf-movimenta-r-5-bilhes-no.html
Revista Hardcore, nº 192. São
Paulo: Editora Nalu, agosto de 2005.
Revista Alma Surf, nº 22. São
Paulo: Editora Cosmos do Brasil, julho/agosto de 2004.
Todos os diretos reservados perante a Lei dos Direitos Autorais. Proibido a cópia parcial ou integral do texto.
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