A cidade de Aracaju, conhecida por sua beleza natural, é habitada por um povo ordeiro, trabalhador e receptivo aos turistas que chegam para vivenciar ou residir. Neste domingo, dia 17 de março, a capital completa 169 anos, mas nem tudo é festa nos quatro cantos do município cercado por uma rica natureza abundante e pouco explorada turisticamente.
Quem vive diariamente em Aracaju se depara com problemas que afetam o meio ambiente, o ordenamento do solo, a mobilidade urbana e a rica história do centro da cidade, refletindo o abandono por parte dos poderes públicos.
Muitos dos problemas contemporâneos persistem há décadas e atravessam diferentes administrações da capital. Neste aniversário de 169 anos, que coincide com o ano das eleições municipais, é essencial eleger um prefeito e vereadores comprometidos em trabalhar com dedicação, olhar técnico para atender as necessidades da população de cada região e pensar no futuro do rico meio ambiente e na preservação da história do seu povo.
A falta de políticas públicas eficazes e contínuas por parte dos gestores públicos reflete diretamente na qualidade de vida dos aracajuanos:
- O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Aracaju está em estado de inércia há décadas, impactando o crescimento urbano desordenado, a falta de definição de áreas de preservação e o contínuo aumento populacional que sobrecarrega os serviços públicos e, principalmente, o meio ambiente;
- A falta de revisão do Plano Diretor não atende aos interesses da coletividade e à preservação do meio ambiente, comprometendo o futuro urbanístico da jovem capital;
- Muitas praças públicas estão sem manutenção, e as quadras poliesportivas foram abandonadas pelo poder público, resultando na falta de políticas públicas esportivas nos conjuntos/bairros e no afastamento dos cidadãos das áreas de lazer. Por outro lado, a inatividade do poder público criou uma demanda que incentivou o surgimento de um novo mercado de quadras e campos de futebol privados;
- É inaceitável a poluição ambiental em Aracaju, evidenciada pela presença de publicidade irregular nos muros dos prédios públicos e equipamentos de inauguração de obras (pintura em muro), prejudicando a saúde mental dos cidadãos. Além disso, os pontos de ônibus, postes de energia e equipamentos públicos estão cobertos por cartazes publicitários colocados indiscriminadamente;
- A exibição de publicidade em muros privados (pintura em muro) que competem pela atenção dos transeuntes com espaços publicitários regulares, que pagam impostos ao município, como as placas de outdoor, não deve ser tolerada;
- A mobilidade nas calçadas públicas está comprometida devido à instalação de luminosos publicitários no centro das calçadas, barras de ferro para evitar o estacionamento irregular, além da exibição de produtos dos lojistas e ambulantes sem consideração pelo princípio técnico que garanta a locomoção de pessoas com mobilidade reduzida, como cadeirantes, idosos e outros cidadãos;
- A licitação do transporte público não é prioridade para os gestores públicos. A população sofre há mais de 25 anos com serviços precários e aumento das passagens que não resultam em melhorias;
- Não há uma política de expansão ou melhoria dos modelos de transporte público, como ônibus, táxi lotação, embarcação fluvial, expansão e melhorias das ciclovias e a utilização da malha ferroviária inoperante há décadas, que corta a Zona Oeste e Zona Sul de Aracaju;
- Ruas e avenidas sofrem com a falta de sinalização viária. A falta de manutenção das faixas de trânsito, semáforos e equipamentos contribui para a ocorrência de graves acidentes e óbitos;
- A preservação da mata ciliar dos rios Sergipe e Poxim deve ser levada a sério pelos gestores públicos. As águas estão poluídas devido ao aumento dos imóveis e ao despejo de esgoto sanitário não tratado e outros poluentes;
- A falta de preservação dos rios Sergipe e Poxim impede o desenvolvimento dos esportes náuticos e do turismo na região central. A placa da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), que proíbe práticas esportivas e banho na região do Calçadão da Praia Formosa, reflete a má qualidade das águas e do solo dos rios, que estão altamente poluídos;
- O Parque Ecológico Tramandaí, localizado no coração do bairro Jardins, necessita de manutenção, reflorestamento e proteção das espécies da fauna e flora manguezal. O Parque está em estado crítico devido à inação dos poderes públicos. O esgoto não tratado da expansão imobiliária da região é despejado há quase 30 anos no canal que desemboca no Parque Tramandaí, impactando negativamente o bioma e as águas dos rios Sergipe e Poxim;
- A região do bairro São Conrado, cortado pelo Rio Poxim, sofre com a poluição e mau cheiro, assim como acontece há três décadas no bairro 13 de Julho;
- A devastação da mata nativa dos morros da zona norte e oeste para construção de habitações populares, ou não, é uma realidade na Aracaju contemporânea;
- As zonas norte, oeste e de expansão precisam urgentemente de um olhar técnico e de uma gestão pública profissional focada na preservação e manutenção do bioma manguezal e das lagoas;
- Falta preocupação com a saúde das praias de Aracaju. Basta chover que o lixo plástico oriundo dos rios que cortam a cidade começa a aparecer em grande volume nas areias;
- Também falta coleta seletiva dos resíduos sólidos na areia das praias. Não existem lixeiras espalhadas nas praias mais frequentadas;
- Aracaju precisa disponibilizar banheiros públicos para os frequentadores das praias. Não podemos aceitar turistas fazendo suas necessidades nas dunas da Praia do Havazinho, localizada na Orla da Atalaia;
- É necessário criar um corpo de salva-vidas da Guarda Municipal de Aracaju para lidar com o grave problema de afogamentos nas praias da cidade;
- Seria interessante resgatar o projeto de revitalização da Praia dos Artistas, realizado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e anunciado pela Prefeitura de Aracaju em 2007, para elevar aquela região a um novo patamar turístico;
- Falta uma política de arborização com árvores frutíferas na Orla da Atalaia, com espécies nativas, como os diversos tipos de cajueiros, mangabeiras, mangueiras, jaqueiras, entre outras;
- Nos bairros das zonas norte, oeste e sul, há falta de fiscalização das construções e reformas residenciais ou empresariais. As calçadas públicas são invadidas e a qualidade das obras é duvidosa;
- Os efeitos climáticos extremos estão se agravando ano após ano. A onda intensa de calor neste verão reflete a falta de árvores nativas nos espaços públicos, como os cajueiros, que deram origem ao nome da capital sergipana;
- O aumento da temperatura em toda a região da Avenida Hermes Fontes e Avenida Adélia Franco, após a retirada das árvores nativas do canteiro central, é uma realidade que evidencia a necessidade de aumentar o plantio de árvores;
- Encontrar sombra para estacionar o veículo ou refrescar-se nas ruas do centro de Aracaju está cada vez mais difícil, basta observar o entorno dos mercados centrais. Faltam árvores!
- Falta uma política de desconto no IPTU para os moradores que preservarem ou plantarem árvores no interior de seus terrenos ou nas calçadas públicas;
- As chuvas extremas são uma realidade contemporânea. Os alagamentos ocorrem há décadas em diversas regiões. No entanto, locais antes não afetados passaram a enfrentar transtornos;
- A intensidade do volume de chuva nos últimos anos evidencia a falta de manutenção da rede de coleta das águas pluviais em diversos pontos, além das construções irregulares em locais aterrados indevidamente;
- Os shows que fazem parte das comemorações dos 169 anos de fundação da capital serão realizados na Praça de Eventos Milton Lopes, entre os mercados centrais. No entanto, a área de eventos está estrangulada devido ao crescimento populacional da cidade. Durante o Forró-Caju 2023, os problemas ficaram evidentes para os frequentadores e a população local;
- A Praça de Eventos da Orla da Atalaia também enfrenta o mesmo problema: tornou-se pequena e a infraestrutura não atende à nova demanda da população durante o festejo junino. O trânsito caótico na Av. Santos Dumont e nas ruas paralelas, que não absorveram a quantidade de veículos, compromete a mobilidade dos cidadãos;
- Projetar o futuro da cidade também significa pensar em novas áreas de lazer, esporte e, principalmente, grandes eventos públicos, como acontece nas principais praças do São João no Nordeste, para atender a uma demanda populacional em constante crescimento;
- O abandono da região central de Aracaju é preocupante. A história da cidade, representada pelos casarões, corre o risco de desaparecer nos próximos anos. O Palácio Ignácio Barbosa, no centro da capital, está abandonado há décadas, enquanto várias secretarias municipais estão alojadas em prédios alugados a preços exorbitantes;
- A retirada dos órgãos públicos das esferas municipal, estadual e federal do centro de Aracaju contribuiu diretamente para o enfraquecimento do comércio local e o abandono por parte dos empresários, que enfrentaram falta de segurança e, consequentemente, prejuízos financeiros;
Qual o motivo para os gestores públicos não preservarem as obras realizadas pelas administrações anteriores? É perceptível a falta de manutenção e abandono dos equipamentos públicos. As obras públicas contam a história dos gestores e de seu povo em determinado momento na escala temporal.
O futuro gestor municipal e os próximos vereadores da Câmara de Aracaju, que serão escolhidos pelo voto democrático nas eleições de outubro de 2024, precisarão pensar em ações estratégicas que atendam às necessidades do povo no presente e no futuro próximo.
Não bastará prometer um futuro promissor durante a campanha eleitoral que se aproxima. Será necessário demonstrar mais amor e comprometimento com o futuro dos cidadãos, do meio ambiente e do patrimônio histórico de Aracaju.
Que venham os próximos 169 anos.